terça-feira, 31 de maio de 2011

Fábrica Fagus - Walter Gropius


*Resumo

Walter Gropius - A Arte Mecânica como forma de implementação das expressões artísticas universais.

A Fábrica Fagus, foi o primeiro grande projeto realizado por Walter Gropius, com a colaboração de Adolf Meyer. A importância imediata que ganhou refletiu a não só a extraordinária característica das futuras obras de Walter , mas definiu os pilares para o Movimento Moderno que logo seria colocado em vigor.

O trabalho de Gropius representa a síntese completa na história das teorias artísticas, entre 1890 e a Primeira Guerra Mundial.



*Contextualização Ideológica

No século XX, a indústria européia passava por um turbilhão de transformações. Estas, eram refletidas em toda sociedade, bem como a forma em que se dispunha a própria cidade. Era chegada a hora da aceitação da máquina como um invento que devia ser guiado e controlado pelo homem.

A industrialização alemã, apesar de tardia se comparada com o processo de mecanização na França e demais países europeus, deu o primeiro passo com os incentivos da Inglaterra. A Alemanha, agora no processo de mecanização e ampliação de mercados, passa a aspirar uma rápida industrialização e, consequentemente, se coloca como concorrente no mercado industrial. Essas mudanças podem ser vistas refletidas na arte, na arquitetura, na sociedade em toda a sua transformação de cultura e investigação científica.

Neste contexto, surgem artistas ousados com intenção de “reunir os melhores representantes da arte, da indústria e do artesanato e do comércio, de conjugar todos os esforços para a produção de trabalho industrial de alta qualidade e de constituir uma plataforma de união para todos aqueles que quisessem e fossem capazes de trabalhar para conseguir uma qualidade superior.” (Fünfzig Jahre Deutscher Werkbund, Berlim, 1958).

Com a fundação do Werkbund em 1907, formado por artistas e empresas de produtos artesanais, as imensas e inexploradas possibilidades da arte mecânica aperfeiçoaram a formação artesanal em que se encontrava os ideais dessa sociedade. “Os membros da Werkbund dedicaram-se ao aperfeiçoamento da formação artesanal e ao estabelecimento de um centro que fomentasse os objetivos de sua instituição.” (FRAMPTON, Kenneth. História Crítica de da Arquitetura Moderna. São Paulo, Martins Fontes. 1997. p.131).

Essa instituição se aprimora entre 1907 e 1914, se renova com os ideais de uma nova geração de arquitetos, entre eles Walter Gropius, que na Exposição de Werkbund de 1914, junto com Adolf Meyer apresentaram ao público o projeto de uma fábrica- modelo (Fábrica Fagus) que fará da arquitetura racional de Gropius, uma característica substancialmente distinta do funcionalismo, “...algo que não se baseia simplesmente numa metodologia construtiva totalmente motivada pela procura e utilização de tecnologias renovadas... No entanto é uma ideia que se mantém como tal, pode definir-se como a forma que assume a procura do novo renunciando prioritaria e obrigatoriamente a qualquer programa iconológico.” (BERDINI, Paolo – Walter Gropius)



*Walter Gropius


Os novos tempos exigem a sua própria expressão. uma forma desenhada com exatidão, sem nenhum tipo de acaso, contrastes nítidos, ordem das componentes, a organizaçao em série das partes similares e unidade de forma e cor..." - GROPIUS, Walter

Nascido em Berlim, em 18 de maio de 1883, filho de arquiteto, Gropius começou a trabalhar no estúdio de Peter Behrens, onde completa sua formação em 1907. Em 1910, elabora para a AEG (Allgemeine Elektricitäts Gesellschaft – Importante empresa eletrotécnica da Alemanha), um memorando sobre a produção racionalizada de casas de operários, usando a pré- fabricação, padronização nos modelos. Neste momento, Gropius deixa claro sua intenção de aperfeiçoar os antigos sistemas artesanais de construção e utilizar da nova “arte das indústrias”.

Peter Behrens trabalha como conselheiro artístico para a AEG, na convenção do Werkbund. Nesse roteiro, Beherns projetou a Fábrica de Turbinas da AEG enquanto Gropius trabalhava em seu estúdio. Peter Behrens introduziu uma nova expressão para a monumentalidade da arquitetura Européia no âmbito da comunicação gráfica, e por que não dizer, no legado que deixou para os jovens seguidores de sua teoria, entre eles, Gropius, o dicípulo de maior destaque de Behrens.


Fábrica de Turbinas – Primeiro edifício alemão em aço e vidro

No estúdio de Behrens, Groupius conhece Adolf Meyer, quando em 1910 ambos abandonam o estúdio de Behrens, mas levam consigo os ensinamentos racionais e “o hábito de raciocinar segundo uns princípios, poucos, mas muito claros”. No ano seguinte à separação, Gropius e Meyer projetam a Fábrica Fagus, que adquire, de imediato, uma importância extraordinária .



Sentia-se que este edifício tinha sido concebido para simplificar o trabalho comum dos homens e das máquinas. Luz e ar para os homens, espaço e ordem para as máquinas”

A Fábrica está localizada em um lugar isolado, cercado por colinas e bosques. O que chama a atenção na fábrica é que, diferente da monumentalidade de Behrens e Poelzing, com exceção da chaminé todos os elementos construtivos, as partes que desempenham funções diferentes estão colocadas num mesmo plano, isto é, nenhuma parte sobressai sobre as outras.

A experiência que tinha adquirido enquanto jovem arquiteto no atelier de Behrens deu-lhe uma base importante no que respeita à arquitetura industrial. Transformar uma “Forma Técnica” em “Forma de Arte” que correspondesse às exigências estéticas da era industrial era, e permaneceu, um aspecto essencial do próprio conceito que Walter Gropius tinha de si enquanto arquiteto.

Na fábrica nota-se algumas inovações trazidas por Gropius e Meyer, como o telhado plano, as esquinas sem suporte, a forma com que o vidro integra-se com o interior e o exterior e a tubulação aparente que organiza o espaço de maneira vertical e horizontal.



A fábrica já prenuncia parte dos elementos que vão caracterizar sua futura obra: estrutura independente, fechamentos em vidro e volumetria pura.

A disposição dos elementos externos articula-se entre o pátio e as duas garagens que se ligam à sala das máquinas.


Os prédios para escritórios apresentam uma fachada que remete à arquitetura de Frank Loyd Wright, arquiteto que usava o vidro para se tornar água, luz, ar, elementos primitivos. Já para Gropius, o vidro usado na fachada lateral era como um plano translúcido, do qual observa-se do exterior elementos internos, trazendo leveza, luz e homogeneidade ao edifício.

“Na fachada envidraçada, os pilares pouco espaçados da parte inferior escondem uma estreita alternância entre cheio e vazio: um cheio e um vazio que pertencem comprimidos, extraídos ou escavados à força de entalhe no cerne da compacta alvenaria. No alto, as massas quadradas dos corpos sobrelevados, aliviadas pelos tetos suspensos e salientes, expandem-se livres no espaço aberto.” (ARGAN, Giulio Carlo, 1909-1992. Walter Gropius e a Bauhaus/ Giulio Carlo Argan; tradução de Joana Angélica d’Avila Melo; profácio de Bruno Contardi.- Rio de Janeiro: José Olympico, 2005 .97)

A arte mecânica veio implementar as formas de expressão. Estava mais que definido as características antecipadas por Beherns e aperfeiçoadas por Gropius. Os pilares do Movimento Moderno foram colocados em vigor.

O objetivo não era mais a construção de obras monumentais, mas de estações ferroviárias, mercados, auto- estradas. O trabalho apresentado pelo Gropius foi uma síntese completa na história das teorias artísticas, entre 1890 e a Primeira Guerra Mundial, entre movimento ressuscitado pelo Morris e a arte mecânica aplicada a construção.


*Bibliografia
ARGAN, Giulio Carlo, 1909-1992. Walter Gropius e a Bauhaus/ Giulio Carlo Argan; tradução de Joana Angélica d’Avila Melo; profácio de Bruno Contardi.- Rio de Janeiro: José Olympico, 2005
Fünfzig Jahre Deutscher Werkbund, Berlim, 1958
FRAMPTON, Kenneth. História Crítica de da Arquitetura Moderna. São Paulo, Martins Fontes. 1997.
PEVESNER, Nikolaus, 1960, 1974. Os Pioneiros do Desenho Moderno - de William Morris a Walter Gropius
Berdini, Paolo, 1986. Walter Gropius



*Alunas

Ana Beatriz Amaral
Letícia Valeriano

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